Quem nunca ouviu falar da lenda mandioca, da vitória-régia, das estórias de boto e das belezas da Amazônia? Pois bem, o Conversa Com Thomaz (CCT) desta quarta-feira, 15, bate um papo com quem vive esse imaginário de perto faz tempo. Josafat Guimarães Barbosa, 53 anos, guia de turismo do Amazonas, professor da área, de idiomas, e também escritor. Acompanhe a entrevista, falando dos seus trabalhos publicados, depois dos projetos futuros:
CCT: Quantos livros lançados?
Josafat: Até agora dois, a série Os Segredos da Floresta, onde o primeiro livro se chama A Origem das Lendas, e o segundo é O Menino e o Gafanhoto. São histórias do Amazonas, que vivi cotidianamente, que fiz parte, as curiosidades e segredos dessa terra.
CCT: Como surgem as tuas histórias?
Josafat: Em função da minha convivência com tribos, eu busco coisas que não são contadas em livros. Por exemplo, o ritual da tucandeira, eu procurei saber como um índio de oito anos consegue suportar por meia hora ao ataque da formiga. Para saber leia o livro (risos). Eu fui buscar com as mães. Ele é preparado desde bebê. Elas passam o veneno da tucandeira no umbigo da criança para que ele desenvolva resistência contra a dor e o veneno.
CCT: Vamos aprofundar um pouco mais nos livros agora, um de cada vez?
Josafat: Bora. O primeiro fala das lendas diretamente, contadas por pessoas que as vivenciaram, como a história da cobra grande que encantou um amigo; as três moças que foram seduzidas por botos, em Novo Airão, eu ouvi o relato delas. O segundo livro, o Menino e o Gafanhoto, é a história do cidadão que construiu o hotel Juma Amazon Lodge, falando de sua vida desde a infância, no Curari Grande. O gafanhoto era o que ele fazia melhor, um bicho de palha que se sobressaia, fazia a diferença, mostrava zelo, dedicação, assim ele conquistou um sócio e construiu sua carreira.
Histórias da Amazônia em Mangá e HQ
Sempre espirituoso e simpático, Josafat Guimarães responde prontamente quando lhe pergunto sobre os projetos futuros, se a série Segredos da Floresta terá mais um livro.
Josafat: Sim. O próximo já está pronto, mas ainda inédito, conta o relato de pessoas perdidas na floresta Amazônica. Tem o caso de sete turistas perdidos, sem água, sem comida, onde o medo não era dos perigos comuns da selva. Você precisa ler (risos). Na realidade eles fugiram para o mato, escapando de um assalto acontecido no hotel de selva, culminado com um assassinato a sangue frio. Na realidade eram vários medos envolvidos, inclusive o deles próprio. Após sua publicação, meu próximo projeto é transformar as histórias amazônicas em mangá e HQ.
CCT: Pode adiantar alguma coisa para nós sobre esse isso?
Josafat: Sim, é possível colocar mais detalhes no quadrinho e abranger mais pessoas do que no livro comum. Também por ser mais fácil de entender em qualquer lugar do mundo. No HQ você lê a imagem, esse reforço ajuda a compreender a história. No mangá podemos incluir um pouco de eroticidade, um apelo muito forte quando se fala nessas questões mitológicas.
CCT: Como guia e professor de turismo o que você tem para falar sobre a Amazônia?
Josafat: As notícias de queimadas estão afastando turistas, eles acham que nós não estamos cuidando da floresta. Eu quero mostrar o revés, são os estrangeiros que não cuidam bem de suas florestas, os caboclos cuidam sim. Porém, eles queimam na Florida, em qualquer outro lugar do mundo, mas não dão o mesmo impacto negativo como para nós.
CCT: Há uma rixa internacional contra a gente, então?
Josafat: Há sim, mesmo no Brasil, São Paulo e Rio, os turistas não vêm para cá porque não sabem que aqui tem uma estrutura muito boa, muito bacana. A concorrência é forte no exterior e no resto do país, além da publicidade negativa, escondem nossa capacidade de acolher. Meu trabalho é fazer essa aproximação da Amazônia com os grandes centros. Em São Paulo sou conhecido como embaixador do Amazonas.
Os a série Segredos da Floresta com os livros A Origem das Lendas e O Menino e o Gafanhoto está disponível nas livrarias de Manaus. Agora é aguardar os próximos lançamentos de Josafat Guimarães.