Por Thomaz Antonio Barbosa
“O caso Morel, o crime da mala, Coroa-Brastel, e o escândalo das jóias, e o contrabando, e um bando de gente importante envolvida”
Poderíamos está falanfo de hoje se o ano não fosse 1986, quando Paulo Ricardo e o grupo RPM lançaram essa canção primorosa chamada “Alvorada Vora”.
Ela representa muito bem o discurso da juventude na época da redemocratização, a letra altamente politizada, denunciando as práticas criminosas do governo da Ditadura Militar, a corrupção, a face mais pura da violência se mostrando e o medo tomando conta do país.
Versos como “fardas e força, forjam as armações“, soam tão atuais quanto a notícia dada agora, na hora do almoço, vinda de Brasília, denotando as práticas criminosas do governo militarizado de Jair Bolsonaro.
Mudam apenas os personagens, e especificamente sobre as joias, a canção se refere ao ministro da justiça do presidente Figueiredo, Ibrahim Abi-Ackel, envolvido em contrabando de pedras preciosas para os EUA, um caso que mataria de inveja Michelle e o próprio ex-presidente Bolsonaro.
A banda RPM mirou no que viu e acertou também no que ainda estava por vir e veio, diretamente do Palácio do Planalto, das fardas engalonadas, para a crônica policial brasileira. Michelle e Bolsonaro foram pegos com a mão na botija, na alfândega do aeroporto São Paulo, com a mala cheia de joias, no mínimo, flagrante de sonegação fiscal, contrabando ou até desvio de coisa pública.
Não há valor que pague os versos de “Alvorada Voraz”, a obra poética do artista, pobre trabalhador tão achincalhado nesses dias de sombra e turbulência.
A vida passa, mas a dilacerante “Alvorada Voraz”, apesar do tempo, é a trilha sonora perfeita para esse filme macabro, atual, envolvendo personagens diferentes, em épocas diferentes, porém com as velhas bandeiras e as falcatruas de sempre!
Imagens: Divulgação
Texto sintético e objetivo no conteúdo, mostrando a importância denunciante da letra e música, atualizada.