No dia 5 de julho de 1811 a Venezuela se torna o primeiro país da América Latina a se libertar domínio espanhol. Apesar da crise econômica, social e humanitária que está vivendo os refugiados e residentes em Manaus aproveitaram para manifestar seu patriotismo por meio de um encontro floral, sob a coordenação da socióloga, professora da Universidade Central da Venezuela, Cristina Rivas.
Segundo ela “somos uma diáspora coletiva” e acrescenta a “importância da liberdade em Venezuela à luz da nova independência que temos no Brasil”, destaca a socióloga.
O encontro foi realizado na Praça de São Sebastião, às dez horas da manhã do domingo, no centro de Manaus, com a participação popular e de entidades de proteção ao migrante. O evento contou com o apoio de Marcos Apolo Muniz, secretário de cultura do estado do Amazonas, da comunidade venezuelana, de representantes de instituições de ensino oficiais e do cantor Luís Rafael Gonzalez – grupo Salmistas e Profetas.
Habitação
No outro extremo da cidade a religiosa Scalabriniana, irmã Dinair Pereira Xavier, coordenadora do Serviço Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Manaus, que também esteve no encontro floral, organizou um almoço coletivo na ocupação Tapajós, localizada na Avenida Torquato Tapajós, artéria que cruza a zona centro-oeste e norte da capital do Amazonas.
Segundo ela “os migrantes buscam sobrevivência e cidadania em qualquer lugar do mundo, seja qual for a nacionalidade. Não é só desejo, mas necessidade”. Resignada do seu dever irmã Dinair diz “sou feliz em poder auxiliar no processo de inserção desses irmãos em seu novo lar”. A ocupação Tapajós abriga em torno de 400 famílias entre brasileiros, venezuelanos, haitianos e até colombianos.
O trabalho de Dinair Xavier e das irmãs Scalabrinianas no apoio aos migrantes em Manaus acontece em várias frentes. No centro da capital elas atendem diariamente na igreja Nossa Senhora dos Remédios, situada Rua Leovegildo Coêlho, 237, próximo à feira da Manaus Moderna. Sua atuação é baseada no ensinamento Scalabrini onde “para o migrante a pátria é a terra que lhe dá pão”, finaliza ela.
Justiça, cidadania e dignidade
Outra questão a ser observada em meio aos residentes e refugiados estrangeiros em Manaus diz respeito ao trabalho formal e informal. A advogada Mary Faraco de Andrade que tem colaborado com pastorais e entidades sociais de apoio aos venezuelanos disse ao CONVERSACOMTHOAMZ.COM que “é necessário romper a barreira do idioma, o migrante precisa ter o mínimo de conhecimento da língua local para poder ter a compreensão de seus direitos e deveres enquanto cidadão de uma nova pátria”, explica ela.
Mary Faraco, que tem um trabalho já desenvolvido na defesa dos migrantes, principalmente de venezuelanos e haitianos, acrescenta que “é preciso vencer o medo e a insegurança, deixar de se sentir um anônimo e invisível, acreditar na justiça brasileira e nas instituições nacionais, pois nossa legislação acolhe a todos os migrantes indistintamente. Porém, essa informação tem que chegar até eles”, ressalta a advogada.
Baseada em sua atuação profissional diária ela nos disse que “denúncia de exploração laboral, trabalho precário, acidentes, acometimento de doenças profissionais, práticas discriminatórias, e até condições análogas à escravidão, onde o trabalhador recebe por diárias com jornadas extenuantes e pagamentos aviltantes, pressionado pelas condições econômicas atuais que atravessamos, crescem a cada dia”, adverte Mary Faraco.
Emprego
Ferney Malaver é venezuelano de Caracas, capital da Venezuela, e está em Manaus desde o ano de 2015. Sobrevivendo a custa de muito suor ele se queixa que sua maior necessidade hoje é um bom emprego, um desejo de nove entre dez venezuelanos que vivem em Manaus.
Saudosista de sua gente e de sua pátria Ferney vê poucos motivos para festejar o dia da independência, porém como tantos outros seus irmãos que estão por aqui, ele não deixa jamais de externar o amor pelo seu país, a gratidão a Deus e ao povo brasileiro pela acolhida.
Veja a seguir imagens dos eventos:
Imagens cedidas por Cristina Rivas, Dinair Xavier e Mary Faraco