Conversa com Thomaz

Protestos, vaias a Eduardo Bolsonaro, Salles, Rosângela Moro e ausência de Zambelli marcam a diplomação em SP

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) diplomou nesta segunda-feira (19) o governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos), o vice, Felício Ramuth (PSD), e os deputados e senador eleitos pelo estado nas eleições de outubro.

A cerimônia começou às 11h na Sala São Paulo, no Centro da capital paulista, com uma fala do presidente do TRE.

O deputado Eduardo Suplicy (PT) foi o primeiro diplomado,  o segundo foi Guilherme Boulos (Psol)

A federação “Brasil da esperança”, formada por PT, PCdoB e PV foi a mais votada do estado. Elegeu 19 parlamentares no total.

Pagode, gritos e vaias

A cerimônia foi marcada por protestos dos eleitos e de apoiadores na plateia. No palco, integrantes do Movimento das Mulheres Pretas (PSOL), mandato coletivo eleito para a Alesp a partir de 2023, pediu paz ao povo preto.

As codeputadas eleitas exibiram uma faixa que dizia ‘O povo preto quer viver’, um lembrete, segundo elas, para que o futuro governador Tarcísio de Freitas pense nas pessoas negras na implementação de políticas públicas em São Paulo no próximo mandato.

“O povo preto quer viver traz a lembrança que no estado de São Paulo as pessoas negras continuam morrendo pelo simples fato de serem negras. E nós não temos políticas públicas voltadas para essas pessoas. Não é só a violência policial que mata negros. Quem morre nas enchentes, nos alagamentos em SP, é o povo preto. A gente está num recorde de fila para internação e para cirurgias públicas no estado de SP. Quem está morrendo enquanto aguarda atendimento médico são pessoas pretas”, disse a deputada Mônica Seixas, representante do grupo.

Outra faixa exibida foi da Bancada Feminista do PSOL, que está atualmente na Câmara de Vereadores de SP, mas também conquistou um mandato coletivo na Alesp a partir de 2023.

O grupo exibiu uma cartazes pedindo “Justiça para Felipe de Paraisópolis”. A frase lembra a morte do rapaz assassinado durante um tiroteio que aconteceu na favela de Paraisópolis, na Zona Sul de SP, em outubro, durante uma visita de campanha do então candidato Tarcísio ao local.

“A gente achou fundamental lembrar que durante as eleições, um jovem negro foi assassinado em Paraisópolis durante a fake news do Tarcísio, de que ele havia sido vítima de um atentado contra. O suposto atentando foi esclarecido, mas nós queremos saber quem mandou matar aquele jovem, que até agora não se sabe. Foi mais um assassinato de jovem negro no estado de SP. Justamente em Paraisópolis, onde já aconteceu aquela chacina com os jovens do baile da 17”, declarou a codeputada Simone Nascimento.

Do lado de fora, em frente à Sala São Paulo, membros do MTST fizeram um pagode para celebrar a diplomação de Boulos e Ediane Maria (PSOL), integrante do movimento eleita deputada estadual.

Vaia aos fascistas

O deputado eleito Eduardo Bolsonaro (PL) e a deputada Rosângela Moro (União) foram vaiados. Advogada e esposa do ex-juiz Sergio Moro, Rosângela foi diplomada aos gritos de “Volta para Curitiba”.

Ricardo Salles (PL), ex-ministro de Bolsonaro, também foi vaiado e recebeu gritos de ‘golpista’. Ao final da cerimônia, ele falou com jornalistas sobre o episódio: “Isso é normal numa democracia. A esquerda trouxe a claque e ela nos vaiou. Tudo dentro do jogo”.

Sobre as vaias aos vários candidatos bolsonaristas, o presidente do TRE-SP, desembargador Paulo Galizia, avaliou como “normal da democracia” e que não houve falta de respeito com os candidatos diplomados.

Os convidados da cerimônia são convidados pelos candidatos. Sempre vai haver um número de pessoas compatível com o número de candidatos. É normal, é da democracia. Não acho que tenha havido falta de respeito, nem ouvi nenhum xingamento. Ficamos dentro dos limites democráticos”, afirmou.

Zambelli ausente

A candidata Marina Silva (Rede), uma das mais aplaudidas na cerimônia, destacou que as vaias e aplausos registradas na cerimônia, principalmente ao ex-ministro Ricardo Salles (PL), são reflexo da situação de ‘fundo do poço’ que chegou o Brasil com o atual governo de Jair Bolsonaro (PL).

“As pessoas aplaudiram aquilo que elas acham que é o bom para o Brasil. Que é proteger o meio ambiente, fortalecer a democracia, combater as desigualdades, respeitar direitos humanos e ter educação de qualidade que gere oportunidade para todas as pessoas. Eu sou o retrato falado de tudo isso. A Educação fez uma transformação na minha vida. E a Educação está no fundo do poço, a Saúde, o meio ambiente. Então, agora o Brasil quer alavancar as boas coisas. Unir todos em nome do que é bom e justo”, declarou.

Os deputados federais eleitos Carla Zambelli (PL), Baleia Rossi (MDB) e Tiririca (PL) não compareceram à cerimônia.

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Imagem: Rodrigo Rodrigues/G1

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