Conversa com Thomaz

Adeus ao mestre Francisco Soares Calheiros

Por Thomaz Antonio Barbosa

Aproveito esse espaço para me despedir de Francisco Soares Calheiros, professor, pai, amigo, escritor, poeta, advogado das causas impossíveis.

Eu costumo não guardar data, porém nunca esqueço a emoção dos momentos. Foi nos idos de 1995, eu um menino afoito, dirigindo a maior escola do estado do Amazonas, Eldah Bitton, o Quarentão da Compensa, em uma tarde qualquer de verão, quando aparece em minha porta ele, um rapaz franzino, tristonho, pedindo licença, entrou, sentou e me disse: “eu sou o professor com quem o senhor queria falar!”.

Na minha frente estava o papa da língua portuguesa, a celebridade dos cursinhos pré-vestibulares de Manaus, o mestre Francisco Soares Calheiros. Começava ali uma amizade fraterna e respeitosa, baseada no oficio de transformar a vida das pessoas para o bem de si e da sociedade. Honrosamente trabalhamos juntos, nos afastamos em função do tempo e das circunstâncias, todavia aprimoramos o afeto apesar de longes.

Tudo em nome da arte de ter dignidade em um espaço nômade e disputado que é a cidade. Creio que assim viveu e lutou o professor Calheiros, um apaixonado por Itacoatiara que começou a vida em Manaus, morando em uma estância no bairro do Coroado, de onde saiu para fincar seu nome na história da educação no Amazonas.

Por fim, eu não me dava conta de que o mestre Francisco Soares Calheiros migrara para o ramo do Direito, contudo, com sua morte, a Língua Portuguesa é quem perde um dos seus melhores advogados.

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