

De uma forma inusitada, conheci Rebeca Ferreira, do povo Mundurucu, formada em letras na UFAM, pesquisadora, estudante de teatro na UEA, agente da MI Moda Indígena, apresentando um desfile de Alta Costura, no decorrer do show do maestro Adelson Santos, no Teatro Amazonas, em Manaus.
Na coxia, em meio à produtores, diretores, técnicos, modelos e ao som dos instrumentos da banda e das vozes do Madrigal do Amazonas, conversamos sobre o trabalho que ela e sua equipe realizam no segmento de moda com o DNA do nosso povo, um projeto que começa em 2021, que em 2022 apresenta a Primeira Mostra Intercultural Indígena que agora, em 2023, chega a Londres, capital da Inglaterra, ao palco da London Fashion Week.

“Nós começamos esse trabalho em 2021, em um processo de produção de moda, de ensino. Essa visão quem teve foi minha mãe, idealizadora do projeto, Seanny Artes, ela é estilista e artista visual há mais de trinta anos. Então, começamos a ensinar a produção de moda na comunidade, um trabalho que se deu entre os meses de dezembro de 2021 e abril de 2022”.
Rebeca tem a sutileza poética de quem sabe de onde veio e para onde vai chegar, tem a prudência dos seus ancestrais e a sabedoria das mulheres do Amazonas.

Ela fala de seu trabalho com uma enorme simplicidade e uma firmeza absurda, dá detalhes de suas glórias e avanços, com uma ternura incrível, enfim, o resultado não poderia ser diferente, conquistar as passarelas e vitrines do mundo.
“Em abril apresentamos a Primeira Mostra Intercultural de Moda Indígena, que aconteceu em três espaços aqui em Manaus, na Maloca dos Povos indígenas, no Sumaúma Park Shopping e na sede da Secretaria de Cultura. Nós tivemos uma visibilidade internacional muito grande, nos consolidando internacionalmente enquanto projeto, o que nos leva, em setembro deste ano, participar da London Fashion Week, em Londres. É a primeira vez que uma marca indígena estará em uma Semana de Moda da Europa”.

“É a primeira vez que uma marca indígena estará em uma Semana de Moda da Europa”
Rebeca Ferreira
As luzes, a música, ambientavam a retórica simples e objetiva de uma indígena disposta em levar a beleza do Amazonas e de seu povo para o mundo.

O show era do maestro Adelson Santos, mas dessa vez também brilhou, no palco do Teatro Amazonas, a MI Moda Indígena, uma equipe criadora de designes de Alta Costura que, além de vestir toda a nossa tribo, exporta beleza, estilo e criatividade para os quatro cantos do planeta.

Rebeca Ferreira, da etnia Mundurucu, da descendência de Terra Preta, alto Tapajós, prova que vencer é possível…!!!!
Thomaz Antonio Barbosa
Imagens: @jeffão_sound; Guylherme Araújo; Ribamar Xavier; Amália Vasconcelos; Thomaz Antonio Barbosa.