Conversa com Thomaz

Manaus, uma cidade em meio à floresta, globalizada desde sempre

(Imagem: Alexandre Fonseca)

Por Thomaz Antonio Barbosa

Quem pensa que ao chegar a Manaus vai se deparar com o que se mostra na TV está redondamente enganado. Na capital do Amazonas quem anda nu pelas  ruas é o turista estrangeiro, escaldando no calor médio de 30 graus, encantado com a paisagem. A pintura do rosto vem das lojas de grifes e não do urucum das matas. Refaçam seus conceitos.

(Imagem: Adneison Severiano)

A metrópole da selva vive o rescaldo da Zona Franca, mas com uma herança inglesa muito forte.  A presença árabe vai além do comércio e se espalha por nomes, costumes, danças folclóricas, gastronomia, mesquitas e sinagogas. Os portugueses nasceram aqui.

Os asiáticos estão presentes do cultivo da juta à fabricação de rádios, televisores, motocicletas e aparelhos celulares. O biótipo do japonês, do chinês, do coreano encaixou com o índio. Por outro lado, a cidade é um prato cheio para os nordestinos, paulistas, cariocas, para os brasileiros, enfim.

Montadora da Zona Franca de Manaus é a maior produtora de motocicletas do Hemisfério Sul (Imagem: Pedro Kutney, AB)

A “paris dos trópicos” que já fora a terra do ouro vermelho, como também a cidade da borracha ou a capital da Zona Franca, hoje é uma matriz global do multiculturalismo.  Não há espaço para o passado, o presente se espreme nas ruas, nos bairros, nas feiras, nos mercados superlotados de gente.

A globalização vem do berço. Desde a viagem de Orellana é assim, o Amazonas sintetizando o cosmos. Havia aqui –além dos índios – descendentes diversos de muitas raças, várias etnias globais misturadas, formando um só povo.

(Complexo Ponta Negra / imagem: Adneison Severino)

A cidade cresceu, matriz imponente de um estado que dá nome a um continente, a uma bacia hidrografia, o mais precioso, preservado e prospero da federação.  A pressa é somente de chegar ao futuro com a mesma grandeza de quem sempre teve no presente o seu melhor episódio para contar ao nobre visitante.

Ancestralidades

Bairrismos e outras ancestralidades você não vai encontrar no manauara, um povo aberto para o novo, pronto para acolher todas as bandeiras, raças, línguas e religiões. Filho de uma cidade amada pelo mundo, o nosso caboclo não precisa dizer que a farinha daqui é melhor do que a do fulano, que o nosso açaí é superior ao do beltrano: o planeta nos ama! 

(Tambaqui na palha da bananeira / Imagem: TV Anhanguera reprodução)

Não cai bem a uma cidade global esse complexo de inferioridade, um amor profano, sôfrego, revanchista. Sentimentos menores são nocivos ao processo civilizatório. Portanto, é desnecessário falar o óbvio: o manauara idolatra sua cidade, onde todos os paladares se misturam, as formas, os conteúdos.

Bem, é um prazer andar pelas ruas de Manaus e ouvir o som do crioulo haitiano, do francês deles; das variáveis linguísticas asiáticas; do árabe de todas as tribos; do espanhol de Cuba, Bolívia, Peru e agora avassaladoramente da Venezuela. 

Sejam todos bem vindos, o mundo é aqui, Manaus é o centro desse universo sem fronteiras, o sonho dos navegadores, um feudo carmelitano que nasceu para ser grande, senão a sede das nações, todavia o resumo de muitas delas.

Bom domingo!

Galeria:

(Imagem: conversacomthomaz.com)
(Imagem: Blog do Candeias)

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