Por Thomaz Antonio Barbosa
O Brasil vira a página do calendário, ano de 2022, sonhando em arrancar uma página da sua história, quem dera pudesse também apagar o passado recente que lhe atormenta.
Os quatro anos do desastre nacional protagonizado pelo governo Bolsonaro são mais do que suficientes para que os brasileiros depositem suas esperanças, expectativas e sonhos no terceiro mandato de Lula, a começar a partir de 1° de janeiro de 2023.
O naufrágio na economia, juntamente com o retrocesso nas garantias e nos direitos sociais, fizeram o país atravessar, quem sabe, a maior tempestade de sua história.
Não foi somente a escassez, como também a barbárie estrutural que se abateu sobre a pátria, a responsável por tansformr o Brasil no país da miséria social, física e intelectual mais profunda entre os outrora emergentes.
Nada passou imune à fúria cega do tirano e no contexto das cidades duas populações, entre tantas outras, foram severamente atingidas: os indígenas e os migrantes.
Jai Bolsonaro, que direcionou sua metralhadora para exterminar os menos favorecidos, fez questão da fechar os olhos para quem busca, já diante de tanta adversidade, a sobrevivência no ambiente competitivo de uma metrópole ou de uma pátria desconhecida.
Manaus é um grande reflexo de tudo isso, por onde se anda se avista a exclusão social habitando ruas, parques, praças, faróis de trânsito ou dormindo em calçadas.
Há que se resolver o problema da habitação, da fome e do emprego na capital do Amazonas, onde deve está inserido prioritariamente o indígena e o migrante, hoje completamente desassistidos pelas políticas de inclusão dos governos federal, estadual e municipal.
A questão indígena
A questão do indio urbano, assim como os que ainda resistem em seus territórios, também é muito complexa, vai além da luta pela demarcação ou da expulsão do garimpeiro, embora esteja ligada à moradia e à sobrevivência com dignidade, assim como os outros.
O indígena no ambiente urbano necessita de um lar, de suprir suas necessidades básicas, que teoricamente são as mesmas, todavia, com os reflexos que a competitividade da vida nas cidades impõe.
Portanto, é preciso garantir ao indígena no contexto de cidade o direito à moradia, à educação, saúde, emprego e renda, com a igualdade de oportunidades assegurada e, sobretudo, com a autoestima presevada, o que não está sendo possível diante do cenário de exclusão que se apresenta no governo de Bolsonaro.
Migração
Outra questão que deve ser levada em consideração no novo governo é a migratória, as necessidades e o capital intelectual de quem busca um país estrangeiro para viver, quem traz na bagagem sonhos, esperanças e conhecimento para compartilhar em sua nova pátria.
O intercâmbio intelectual da migração é excelente para o país que recebe e o Brasil está perdendo isso de vista, potencialidades que o governo de Jair Bolsonaro fez questão de jogar na indigência plena e absoluta.
Venezuelanos, cubanos e haitianos não são nocivos como apregoa o tirano, assim como também não são os árabes, judeus, asiáticos e do leste europeu. Essas populações jamais poderão serem vistas como problema diante da riqueza cultural e do conhecimento que trazem para empregar em nosso país.
Questão de ordem, foi a migração interna, os fluxos direcionados à Zona Franca que inviabilizaram a cidade de Manaus nas questões de moradia, transporte, saúde, educação e saneamento básico e que prefeitos e governadores não se ocuparam em resolver, não os internacionais.
Ainda há déficit habitacional na capital do Amazonas causado pela ZFM que precisa ser corrigido também no novo governo, onde devem ser levados em conta indígenas e migrantes, complementarmente desalojados na na capital do estado.
Números finais
Quem lê pensa que estamos deixando tudo para o governo que se inicia, mas é que o presidente em fuga não expandiu o país em nada, senão nos quesitos da fome, violência, desigualdades e injustiças sociais.
Para se ter uma ideia o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, em 2019, era de 0,813 e hoje, no final do governo Bolsonaro, registra 0,754. Este número indica que quanto mais se aproxima de 1,0 é melhor, portanto, vemos aí um país se degradando.
De acordo com informações divulgadas pelo Ministério de Desenvolvimento, existe um déficit habitacional de 5,8 milhões de moradias no Brasil de Bolsonaro um número que poderá ser bem maior devido a credibilidade da fonte.
Em 2021, segundo os dados da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia 62,525 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza, o equivalente a 29,4% da população,
Para a ONU, uma pessoa pobre é aquela que tem uma renda equivalente a US$ 1,25 por dia, algo em torno de 6,6 reais.
Embora o país inteiro esteja necessitando de reparos em todos os sentidos, é na questão humanitária e social que o Brasil precisa de mais cuidados, nesses casos as populações tradicionais e os migrantes, seguramente, estarão na ordem de prioridades do governo que se inicia.
A pátria agradece!
Imagem de capa: Greenpeace