
Na coluna Personalidade desta semana, site Conversa Com Thomaz (CCT), apresentamos o resumo de um diálogo super esclarecedor com Dênis da Silva, filósofo e pedagogo, Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia, Doutor em Antropologia Social, professor de Filosofia e Antropologia, atual superintendente do INCRA no Amazonas.
Em sua sala, na sede do órgão, ele fez uma análise dos problemas enfrentados, nos últimos anos, nas questões de políticas públicas de reforma agrária e assentamento no país, destacando o início de sua gestão e as ações já implementadas pelo presidente Lula no primeiro semestre de governo.
CCT: Como o senhor avalia esse curto período à frente do INCRA no Amazonas?
Prof. Denis: Considero com uma retomada efetiva da reforma agrária, nisso estamos falando da regularização fundiária que é um problema seríssimo no estado. Dentro dessa perspectiva, pensar como garantir novos assentamento e retomar as políticas públicas dos que já temos, as que foram abandonadas, dentro de uma nova realidade, com novos desafios e novos objetivos que é o de avançar, de garantir cidadania para a população rural do estado do Amazonas”.

CCT: Quais as principais medidas já tomadas pelo presidente Lula nessas questões que beneficiam o a gestão do professor Denis da Silva junto ao INCRA no Amazonas?
Prof. Denis: O governo passado deixou 2,5 milhões para o Programa de Aquisição de Alimentos, o presidente Lula já recompôs para 500 milhões esse valor; a habitação rural que o INCRA empreende, que estava muito precarizado, passou de 34 para 75 mil reais por moradia; o Fomento Mulher foi reforçado para 8 mil reais; além do mais, estamos com políticas para a juventude, pois, se os jovens não encontram boas condições de educação, internet e saúde pública no interior, acabam vindo para os centros urbanos enfrentar a problemática das cidades. Essa é uma forma de mostrar que temos condições de manter grupos sociais em seus lugares de origem, produzindo e vivendo com dignidade”.
“Se os jovens não encontram boas condições de educação, internet e saúde pública no interior, acabam vindo para os centros urbanos enfrentar a problemática das cidades”
Denis da Silva
CCT: Quais as determinações do presidente Lula sobre a questão da Reforma Agrária?
Prof. Denis: Vê o estoque de terra do Brasil, especificamente na Amazônica, e fazer destinação, assentamento ou reserva. Toda a política antenada com o discurso ambiental. O desafio é histórico, nós recebemos o INCRA com uma estrutura de recursos humanos precarizada, as instalações estão péssimas, abandonado, principalmente nos últimos quatro anos”.
Muito eloquente, o professor tece um comentário, em tom de desabafo:
“Quero fazer um registro que cheguei aqui e encontrei servidores muito aguerridos, desenvolvendo as políticas que podiam, com muito brilhantismo, há seis anos sem reajuste salarial, uma perda de 60% dos seus ganhos. O presidente Lula nos deu um reajuste imediato de 9%, com o projeto de uma recomposição total em 2024; também quero registrar que o INCRA tem a missão quilombola e estamos retomando isso com muita intensidade a garantindo, este ano já entregamos os títulos de terra do município de Barreirinha, também em Itacoatiara, Novo Airão, resgatando a dignidade dessas populações, tirando da invisibilidade”.
Em tom informal, sobre o concurso público para suprimento do quadro de pessoal, o Superintende nos disse que o edital está sendo preparado de forma que reflita as dificuldades do órgão em cada região. Segundo ele “são 741 vagas, o que não comporta as dificuldades, mas que já significa um grande avanço”.
“Com a capacidade do presidente Lula de perceber os problemas sociais, vamos produzir o país que merecemos e precisamos”
denis da Silva
Para finalizar, o professor Denis da Silva nos garante que “as perspectivas são boas, com a capacidade do presidente Lula de perceber os problemas sociais, vamos produzir o país que merecemos e precisamos. O governo anterior corroeu a noção de estado e de nacionalidade, no sentido macro e institucional, do regramento, na dimensão da ética, na percepção de população, dos menos favorecidos, enfim, de país. Por fim, o campo é meu lugar de origem, sou filho de assentado, estudei no colégio agrícola e fui trabalhar com estudantes, sou professor há 26 anos; hoje estou aqui aprendendo aquilo que não tenho a dimensão técnica, mas conduzindo uma equipe fantástica, em um sentido muito horizontal, meio maestro, também aprendiz desse processo”.
Imagens: Conversa Com Thomaz / Divulgação